21/08/2022
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    PNEUS: a tecnologia que demoramos a nos adequar.

     

    Quando falamos em tecnologia, podemos dizer que a bike é um dos esportes que mais evoluiu ao longo dos anos.  Algumas evoluções são muito fáceis de serem percebidas, como o aparecimento de freios a disco, materiais em carbono, suspensões e suas engenharias internas. Outras, evoluíram aos poucos e talvez por isso nos esquecemos de adequar à elas. É o caso dos pneus.

    Texto por Breno Bizinoto

     


     

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    Lembro-me quando vi em uma revista um cilindro de CO2, para ciclistas carregarem e inflarem seus pneus em menos de 3 segundos, sem nenhum esforço, ocupando menos espaço do que uma bomba de mão. Achei que essa tecnologia jamais seria acessível para meros mortais como nós. Que nada, muito logo estava nas lojas. O mesmo aconteceu com o tubeless. Quem diria que seria tão fácil e acessível ter um pneu sem câmara de ar com um líquido mágico que sela automaticamente os furos. Além de tecnologias, precisamos discutir as tendências que surgem. 

     

    Lembro até hoje de quando comecei a pedalar e recebi uma dica lá na CIMTB em Araxá: "Não fica usando esses pneus 2.0 não, pega um mais fino que é melhor. 1.8 que é bom". Que dica ruim, ainda na época das aro 26. E realmente, todo mundo adorava usar pneu fino naquela época. Os aros, não faço ideia quanto mediam, mas eram bem mais estreitos do que os aros atuais.

     

    Como nunca surgiu uma tecnologia nova que mudasse de vez a largura dos pneus - como aconteceu na mudança de diâmetro dos aros 26 para 29 - parece que por muito tempo as pessoas persistiram com a ideia de usar pneus finos. Havia ainda uma mania de alguns ciclistas: entravam nos Bike Shop, escolhiam um pneu, pediam para o vendedor buscar todos os pneus daquele modelo que estavam em estoque. Em seguida, colocavam pneu por pneu na balança e compravam o mais leve. Sim, as pessoas pesavam os pneus e ainda escolhiam o mais leve - em outras palavras, escolhiam o mais frágil. 

     

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    Demorou um tempo para a gente entender que pneu não é lugar para tirar peso, mas sim para colocar. Um pneu mais pesado pode te deixar alguns segundos mais lento, porém, um pneu furado pode atrasar o seu pedal em vários minutos!

    Quando entendemos que o pneu mais grosso (não muito, tudo tem limite) performa melhor, começamos a explorar também a largura dos aros, que proporcionou muita estabilidade para o conjunto. 

    Deixamos de utilizar as palavras "peso" e "rolagem" e começamos a utilizar "grip", "estabilidade", "segurança" e "resistência". Isso representa uma evolução de tendência, muito mais do que de tecnologia. E é um avanço sem precedentes para a qualidade do pedal.

     

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    Teve uma época que estava na moda uma câmara de ar ultra leve e transparente, que poderia ser remendada utilizando um isqueiro. Presenciei ocasiões daquela porcaria furando sozinha no meio da noite, com a bike parada. Tá aí um ótimo exemplo de tecnologias horríveis que o mercado tentou enfiar pra gente, mas nunca pegou. A verdade é que nenhuma inovação ruim vai pegar. Pode até fazer barulho por um tempo, pode até virar modinha, mas só vai ser realmente absorvido pelos usuários aquilo que presta. O mercado não mente! Atletas profissionais não vão usar equipamentos ruins, mesmo que aquela marca pague rios de dinheiro. Rapidinho a casa cai.

     

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    Ainda sobre pneus, demoramos muito para aprender a usar os protetores de aro ou defender, como conhecemos na Nomad. Os mesmos nóias que antigamente pesavam pneus, que indicavam pneus mais finos para CIMTB Araxá e que usavam aquela câmara de ar horrível que parecia uma camisinha de tão fina, são os que até a pouco tempo atrás falavam que protetor de aro era invenção de marketing. "Muito pesado", diziam. É verdade que, alguns profissionais de XC até hoje apresentam certa resistência para utilizar os protetores: sobretudo os que têm patrocínios consistentes para mandar um novo par de rodas caso o atual sofra alguma avaria. É óbvio que eles não deixam vocês saberem quantas rodas foram pro lixo em um ano.

    E a gente precisa aprender em quais pontos temos que tomar decisões de usar equipamentos diferentes dos profissionais. Quanto tempo você pretende ficar com esse conjunto de rodas e pneus que tem aí? Quando você compra uma bike nova, pretende ficar quantos anos com ela? Será que vale a pena economizar 200 gramas? Você tem a mesma habilidade que um profissional, ou às vezes comete erros de pilotagem e bate a sua roda em uma pedra com quina viva?

     

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    Os protetores de aro deveriam mudar de nome, pois apresentam muitas funções além de proteção. Os atletas de enduro já aprenderam que a pilotagem fica mais assertiva, por evitar aquele efeito de dobra dos pneus em curvas velozes. Além disso, você passa a ter maior progressividade da calibragem do seu pneu.

     

    Os amadores descobriram um outro benefício: é um pneu maciço dentro do seu pneu inflado. Se tiver um rasgo irreparável no seu pneu, dá pra chegar pedalando em casa, mesmo que mais devagar. Não precisa mais encher o pneu com capim caso fique na mão. Para quem está em uma competição, o protetor de aro pode ser vital para você terminar de fazer um sprint ou chegar pedalando na área de apoio, mesmo com o pneu furado. Caso você cometa um erro de calibragem ou vacile na pilotagem dando uma porrada seca na sua roda, não vai danificar o seu equipamento.

     

    Eu já vi de perto um cara com uma S-works de mais de 100 mil reais perder a sua roda Roval de carbono na primeira semana que estava usando a bike, por que "não deu tempo" de instalar o protetor de aro. Ele pulou errado um mata burro e trincou o aro, já era. Não confunda abrir os braços para novas tecnologias com ser consumista. 

     

    Existe um gap muito grande entre esses dois e você não quer ser o cara que recomendava pneus 1.8 e ainda colocava eles na balança antes de comprar. Bora inovar que o mundo é dos espertos!

     

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