27/05/2022
  • Foto: Marcelo Rypl
    Foto: Marcelo Rypl
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    EVENTOS

    Rodada dupla da Copa do Mundo de MTB

    Petrópolis foi uma rodada única da Copa do Mundo de MTB, mas as etapas seguintes vieram em dose dupla. Albstadt na Alemanha e Nove Mesto na República Tcheca aconteceram em dois finais de semana consecutivos, criando um turbilhão na vida dos atletas. Entenda.

    Texto por Breno Bizinoto (@revistaciclosul)

     


     

    Não temos mais dúvidas que a Copa do Mundo de MTB vai ser uma série de corridas que vamos acompanhar ao longo de 2022 inteiro, até estarmos presencialmente em 2023 na etapa de Petrópolis de novo. Mesmo a turma que não pratica o XC, já está afiada no que está rolando nesse mega evento que vai ter nove etapas ao longo de 2022.

    Nos últimos dois finais de semana, presenciamos a segunda e terceira etapa da Copa do Mundo. Vamos fazer alguns balancetes mais importantes:

     

  • HEGEMÔNIA PIDCOCK E MCCONELL

    Ficou bem claro o tanto que esses dois estão andando muito. A Australiana Rebecca McConnell ganhou todas as três disputas de XCO que tiveram nesse ano. No XCC ela fez 1 lugar em Albstadt e 2 em Nove Mesto. Ela está prestes a bater um recorde por conseguir a vitória geral do ano de forma mais antecipada, nunca antes vista na Copa do Mundo.

     

    Em se falando de Tom Pidcock, é um caso a parte. Ele não competiu em Petrópolis por que devia estar ocupado com outras tarefas mais importantes - MTB é só uma brincadeira para ele. Pra quem não sabe, ele é integrante da equipe pró tour de road bike Ineos Granadiers, compete as provas de ciclismo de estrada pela marca Pinarello, que não produz mountain bikes (por enquanto). Por isso, quando ele vai competir de MTB, usa uma bike toda preta adesivada - que todo mundo já sabe que é uma BMC.

     

    Ele só deixou aparente o adesivo da sua suspensão eletrônica, algo muito novo no mercado que eu ainda não me arrisco a dar nenhum palpite.

    Pidcock venceu as duas disputas de XCO que participou, que são as mais importantes da rodada. No Short Track, pegou um pódio somente.

    Em Albstadt ele fez um ataque solo ainda na metade da prova, deixou todos os atletas loucos, principalmente Nino Schurter, e acabou vencendo com folga, cabritando a bike.

     

    Em Nove Mesto foi um pouco diferente. A entrevista que ele deu foi uma piada. Basicamente, ele disse que se sentiu mal a corrida inteira, disse que não estava conseguindo fazer força, que a prova foi muito dura e que a sua bicicleta não funcionou bem. Típica fala de quem teve uma péssima colocação, mas na verdade, ele tinha vencido. Se é desse planeta eu já não sei.

     

    NINO SCHURTER

    Vamos falar de algo impressionante por aqui. Vocês já sabem que o Nino é um dos maiores atletas do mundo, não só no MTB mas, se comparado com todos os outros esportes, ele é um dos caras que mais detém títulos de campeão mundial: 9 no total. Na Copa do Mundo ele já tem 33 vitórias, numero empatado com o então recordista Absalon. Tá muito na cara que ele quer logo buscar a 34 vitória, assim como conseguiu a 33 aqui no Brasil.

    E quando o Nino está determinado com uma coisa, pode crer que ele vai até o fim. Em Albstadt ele fez o inferno pra acompanhar o ataque que Tom Pidcock lançou na terceira volta. Puxou um pelotão, cobrou que os atletas ajudassem na perseguição e depois atacou sozinho para buscar o baixinho lá da frente.

     

    Sem muita ajuda do pelotão perseguidor, Nino cobrava ajuda.

    Mas o mais legal foi o que o Nino fez em Nove Mesto, em um dia que o Tom não estava se sentindo tão bem. O que era um dia perfeito para bater o campeão olímpico, virou uma das competições mais históricas, após Nino furar o pneu e perder 17 posições na corrida.

     

    Ele liderava a ponta do primeiro pelotão e acabou ficando muito pra trás, em um momento decisivo da prova. 5 de 8 voltas, não dá tempo de recuperar.

    Ele caiu para 17 colocado e depois ligou o turbo, buscando um por um.

     

    E ninguém acreditou quando ele buscou o pelotão da ponta de novo. Passou por todos aqueles atletas conhecidos, inclusive o Avancini, e alcançou de novo a ponta, logo na última volta.

    Quando vieram os ataques para a chegada, ele ainda não tinha nem terminado de se recuperar da pancada que fez, e ainda assim conseguiu chegar em terceiro lugar.

    De verdade, a gente achava que o Nino era forte e tudo, mas hoje ficamos sem entender a grandiosidade desse cara. Épico e emblemático o que um atleta pode fazer quando está determinado. Para os que quiserem assistir o replay dessa disputa, segue aqui o link: https://www.redbull.com/br-pt/live/uci-mountain-bike-world-cup-2022-nove-mesto-xco-men

     

    HENRIQUE AVANCINI

    Vamos lá. Em meio a tantos loucos fazendo aparições alienígenas, talvez vocês tenham se decepcionado com os dois resultados do Henrique. P10 e P14 nas últimas duas etapas da Copa do Mundo. No ano passado ele venceu em Nove Mesto, bem que poderia ter repetido, né? Está caindo performance?

    A gente ficou tão mal acostumado com esses poucos loucos que sempre estão na ponta - Nino, VDP e Pidcock, só eles - que criamos um padrão para o atleta ser bem sucedido: "só é bom quem chegar em primeiro, todas as vezes". Se chegar em 4, já não é mais o mesmo.

    Acontece é que isso não é verdade no mundo dos esportes e nem em nenhuma atividade humana, seja ela corporativa, estudantil, artística etc.

    Vamos fazer algo que não temos o costume de fazer, mas tem total impacto nessa conversa: uma análise dos atletas que ficaram entre a 10 e a 20 colocação. Vejam só:

    10 VITAL ALBIN

    11 JOSHUA DUBAU

    12 DAVID VALERO SERRANO

    13 PIERRE DE FROIDMONT

    14 HENRIQUE AVANCINI

    15 ONDEJ CINK

    16 JENS SCHUERMANS

    17 CHRISTOPHER BLEVINS

    18 JORDAN SARROU

    19 GIOELE BERTOLINI

    20 RETO INDERGAND

     

    Vocês sabem quem é David Valero Serrano, que chegou em 12? Ele foi o terceiro colocado nas olimpíadas em Tóquio, que fez uma prova muito bonita, por ter pilotado o tempo inteiro lá no fundo do top 20, sem ninguém ver ele, e foi buscando posições no final da prova até chegar no bronze, pertinho do Pidcock.

    Sabem quem é Ondrej Cink, que chegou logo depois do Avancini? Esse cara deu MUITO trabalho pro pelotão principal entre 2019 e 2021, fazendo um dos ataques mais absurdos que já vimos em Copa do Mundo e aparecendo em vários pódios até pouco tempo atrás.

    Christopher Blevins é aquele mais novo que entrou pra elite no ano passado e chegou sprintando com o Nino em uma etapa, e recebeu o seguinte elogio do Avancini: "Estou feliz por conseguir chegar perto do Blevins". Monstrinho né.

    Jordan Sarrou é ninguém menos do que o Campeão Mundial de 2020. Linda vitória, inclusive.

    E hoje eles andam no top 20, não no top 3 como esperamos dos "melhores do mundo". Não quero dizer que eles perderam performance ou ficaram ruins, mas que nós temos que analisar um outro fator chamado CONSTÂNCIA.

    Se buscarmos nos registros da Copa do Mundo e Campeonatos Mundiais de XCO, o Avancini é um dos caras mais constantes e presentes daquele pelotão. Muito mais do que o Cink, Serrano e vários outros do Top 10. Desde 2017/18 ele começou a andar no top 10 e nunca mais saiu dali. Sim, na posição geral (somatório das 3 etapas) da Copa do Mundo 2022 ele é o 9 colocado! Sem dúvida, um dos atletas mais frequentes e constantes daquele pelotão!

     

    Fica aqui o nosso muito obrigado a esse grande atleta, e breve estaremos torcendo por ele de novo!
    A próxima etapa da Copa do Mundo de MTB será nos dias 10 a 12 de junho em Leogang, na Áustria. Fiquem ligados pois também teremos a disputa do Downhill nessa etapa! Até lá!

     

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