Ir de bike para o trabalho. Funciona?

Uma breve história sobre um de nossos colaboradores que tem uma relação muito única com sua bike

Texto por João Pedro Achkar

Quando eu comecei a pedalar, em 2014, eu tinha um único objetivo: me locomover até o trabalho de forma rápida e eficiente. Assim começou minha história com a bicicleta. Não foi por esporte ou lazer. Foi por mera conveniência e preferência pelo meio de transporte. 

Na época, eram 6 kms o trajeto casa - trabalho - casa. 3 pra ir, 3 pra voltar. Comecei indo de carro ou ônibus, mas não demorou pra eu ver que não eram as melhores opções. O carro pegava trânsito no horário de pico, o ônibus demorava pra passar e o tempo parado no trânsito ou no ponto era igual ou maior que o tempo em movimento. 

Nas primeiras duas semanas tentei ir alguns dias com um skate que eu tinha parado. Porém não tive habilidade e domínio pra isso, rs. Pensativo sobre formas mais simples de locomoção, lembrei de... 

 bicicleta! Claro! 

Depois do primeiro mês nesse trabalho, já comprei uma bike usada pela olx e comecei a ir pedalando. O primeiro dia de bike foi o suficiente para de imediato eu querer ir todos os dias. Era prático, não precisava achar vaga na rua, o custo era baixo e a eficiência alta. Sem nenhuma grande performance e ainda empurrando em alguns morros, cravava 22 min pra chegar no trabalho. De carro ou ônibus essa certeza de tempo era impensável.

Nessa época, e por mais uns bons 3 anos, o uso da bike era apenas para me deslocar. Era o transporte para todo e qualquer fim. E só. Não treinava, não pedalava sem um destino final. Não competia. Não vestia bretelle, lycra, poliéster, luvas, sapatilhas. A roupa do rolé era a roupa do pedal. Outfits iam da bermuda e chinelo passando por esporte fino até passeio completo. 

Agora, se nessa época eu tivesse começado a trabalhar na Nomad no Jardim Canadá, dificilmente eu cogitaria a ideia de ir de bike todos os dias.

Uma coisa era pensar na bike como modal urbano, curtas distâncias, até 10 km no máximo. Outra seria pedalar cerca de uma hora (18 km) em uma estrada que só sobe (500 m de elevação) para chegar e ainda tomar um banho no local de trabalho. Uma logística que à época seria muito complexa pra mim. E as roupas, como levar? Comidas, marmitas? Toalha?! E se eu fosse de sapatilha? Levaria ainda um tênis? Todo dia isso? Pensaria "naaah, isso é coisa pra viciado em bike.. melhor ir de carro mesmo. É uma estrada afinal."

É, minha sorte é que essa oportunidade surgiu pra mim na hora certa, rs. E não era em 2017 essa hora. Se até 2017 eu pedalava para viver melhor, daí em diante fui começando a viver para pedalar melhor.

Em 2018, comecei a pedalar por esporte também. Comprei uma bike de estrada, comecei a treinar 6, 7 horas por semana. Modesto ainda. Mas fui criando ganas de querer competir para provar que quem pedalava pra se locomover era "melhor". Queria provar que de nada valia pedalar arduamente na estrada, para na cidade se valer do carro para todo e qualquer deslocamento. Mas vi que para isso eu precisaria pedalar mais arduamente ainda do que quem eu quisesse superar em uma prova, rs. Isso se tornou pra mim um desafio pessoal. Subir em um pódio pra dedicar uma vitória a todos que usam da bike como locomoção no dia a dia. Os treinos foram virando cada vez mais parte da rotina, e cicloviagens começaram a fazer parte também do lifestyle. 

Em 2021, após muitos quilômetros já vividos e muitos ainda por viver em cima da bike, tive a grata oportunidade de fazer parte de uma empresa que tem exatamente como missão dar mais liberdade para as pessoas se preocuparem apenas com: pedalar. 

E claro, não pensaria duas vezes em agarrar essa oportunidade, e menos ainda em outro meio de me locomover todos os dias para essa empresa que não fosse a bicicleta. A localização do escritório caiu como uma luva para otimizar o meu tempo. O deslocamento diário já virava parte do treino. 

No começo, claro, tive algumas dificuldades pra encontrar o meu setup definitivo para subir para a Nomad carregando: 

- marmita de almoço 

- vasilha de bolo

- garrafa de suco (Não era uma opção levar suco em um squeeze rs)

- vasilha de sanduíche

- roupas de trabalhar (Não, eu não trabalho de bretelle e jersey, rs)

- toalha

- tênis 

Claro, a princípio eram essas as minhas necessidades diárias para um dia de trabalho. Porém não foi no primeiro dia que me toquei que nem tudo ali precisava ir e vir todos os dias. 

Roupas, toalha, tênis, itens de higiene e até mesmo um chinelo (um salve pra quem toma banho de chinelo), poderiam "morar" na Nomad. Afinal eram 2 vestiários e uma infinidade de escaninhos livres. Precisava então pensar apenas no que levar de comidas para passar o dia

Se num primeiro dia eu subi com uma bolsa de guidão para 3L, bolsa de quadro, e uma mochila nas costas levando roupas e comidas, no segundo dia já reduzi a bolsa de guidão para um "estojo" de guidão, e na segunda semana a mochila grande e péssima para treinar virou uma mochilinha de hidratação, que dava a conta pra levar uma marmita de almoço e outra de bolo ou sanduíche. O reservatório que veio na mochilinha segue intacto em alguma gaveta de casa, rs. 

E assim eu me organizei para me tornar talvez o que eu mais temia nos meus primeiros 2 anos como ciclista. O ciclista que vai de bike para um escritório a mais de 15 km de distância, vestido de sapatilha, bretelle e jersey e levando bagagens para chegar e tomar um banho como se estivesse em casa (e é como eu me sinto) para então começar a trabalhar. 

Esse sou eu hoje. Ciclista, bicicleteiro, cicloviajante e cicloativista. 

Responsável por garantir a satisfação de todos que confiam e dão preferência para os produtos da Nomad Sports.

Sou grato a todo o repertório que tive na vida que me fizeram crer que a bike é e será sempre a melhor opção. Para uma vida melhor, e para um mundo melhor.